A montanha mágica

terça-feira, maio 03, 2005

On Being an American





Jasper Johns, Flag. 1954-55.



O Nocturne é um concerto que me fascina desde o primeiro dia em que o ouvi. Há alguns anos. Mas serve o presente para dizer que no dia 12 deste mês chegará às livrarias On Being an American (ensaio retirado de Prejudices), em português Os Americanos -com tradução de Fernando Gonçalves-, de Henry Louis Mencken. A editora é a Antígona.
Cheguei a Mencken pela mão de Chick companheiro de Ravelstein. Ou Saul Bellow. Diz ele: "De entre os iconoclastas e ironistas que formaram os gostos e as mentes da minha geração, o mais proeminente era H. L. Mencken. Os meus amigos do liceu, leitores do American Mercury, seguiram atentamente o julgamento de Scopes, tal como Mencken o reportou. Mencken foi muito duro para com William Jennings Bryan e a Biblialândia e o Bobus Americanus. Clarence Darrow, que defendeu Scopes, representava a ciência, a modernidade e o progresso. Para Darrow e Mencken, Bryan, o Criacionista Especial, não passava de uma aberração das berças. Na linguagem da teoria evolucionista, Bryan era um ramo morto na árvore da vida. O seu modelo monetário da prata livre era uma anedota - bem como a sua velha oratória de congressista. Idem para os enormes jantares ao estilo rancho de Nebraska que devorava. As suas refeições, disse Mencken, foram a sua morte. Os seus pontos de vista sobre a Criação Especial foram submetidos no julgamento ao mais extremo ridículo, e a Bryan aconteceu o mesmo que ao pterodáctilo - a versão trôpega de uma ideia que mais terde resultou - os répteis planadores tornando-se pássaros de sangue quente que voavam e cantavam.
Enchi um bloco-notas com citações de Mencken e mais tarde acrescentei notas de ironistas como W. C. Fields ou Charlie Chaplin, Mae West, Huey Long, o senador Dirksen. Havia até uma página sobre o sentido de humor de Maquiavel."
A citação é do Ravelstein, traduzido por Rui Zink, publicado pela Teorema.

Entretanto leiam este prólogo que Gore Vidal escreveu em 1991 para o livro The Impossible H.L. Mencken e que está também presente na edição espanhola da obra In Defense of Women (En defensa de las mujeres).

Mas há na blogosfera quem conheça muito melhor do que eu a obra de Mencken. Até porque eu posso dizer que não conheço. Não, não é humildade. É a realidade. Do que conheço gosto. E sabem, da humildade Shakespeare disse tudo -sim, tudo, e apenas numa frase- no J.C.


posted by Luís Miguel Dias terça-feira, maio 03, 2005

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