A montanha mágica

sábado, novembro 13, 2004

AEPEC

Associação da Educação Pluridimensional e da Escola Cultural [link]






DECLARAÇÃO DE ÉVORA

POR UMA EUROPA CULTURAL




1. Entre a Educação e a Cultura existe a mais íntima das relações, ao ponto de se poder afirmar a sua identidade ontológica na sua diferença funcional.

2. Dentro deste conceito, e na linha do pensamento em certo momento do processo de construção da nova Europa expresso por Jean Monnet, é imperativo que a visão europeia assuma a importância nuclear da Educação/Cultura para levar a cabo, na sua plenitude, o projecto europeu. O défice educativo-cultural da Europa tem de ser urgentemente superado.

3. A estrutura pedagógica da Escola implantada nos diversos Estados-membros da União Europeia revela o défice fundamental de orientação estratégica neste plano superior, dissociando Educação e Cultura e confundindo acentuadamente Educação com Formação Profissional, no quadro de uma lógica hegemonicamente economicista. É indispensável assumir rapidamente uma orientação que aponte para uma Escola de paradigma cultural, que coloque a Cultura no cerne da Educação Escolar.

4. Investir na Educação, à luz destes princípios, como base do processo de construção da Europa, é assumir esta como Europa Cultural, extensiva às Américas e projectando-se ecumenicamente no Mundo.

5. Entre os diversos planos constitutivos da entidade que é a Europa terá de existir a mais profunda solidariedade. Mencionaremos desses planos: o Económico, o Social, o Político, o Cultural e o Espiritual, desenhando uma pirâmide que não esqueça nem menorize nenhum deles, da base ao vértice e do vértice à base.

6. Sintetizaremos os valores que definem historicamente a Europa nos seguintes: a liberdade, a racionalidade, a dignidade da pessoa humana, a solidariedade, a verdade, a beleza e o bem. Estes valores fazem parte da riqueza cultural de todos os povos e Estados europeus, realizando-se no rico mosaico plural das culturas europeias, que deve ser respeitado nas diversas identidades que se congregam e exprimem no que é a identidade dinâmica da Europa, no espaço e no tempo (compasso ternário com o passado, o presente e o futuro).

7. Para realizar a Europa Cultural, por meio de uma Escola habitada no coração pela Cultura, é indispensável congregar todos os agentes estruturais do sistema educativo e os povos europeus enquanto tais, estes os lídimos obreiros da Cultura Europeia.

8. A Europa Cultural não pode deixar de ser a Europa Democrática, pois só esta implica e exige o pleno respeito pelas identidades europeias, os autênticos e genuínos elementos constituintes do rosto da Europa.

9. A assunção da identidade global europeia representa apenas a vontade de esta se afirmar a si mesma, e não contra nada nem ninguém, seja Sociedade, Estado ou Civilização, no quadro de um espírito inequívoco de solidariedade humana e de fraternidade universal.

10. A Europa que queremos que a Escola ajude a construir deve ser Casa Comum de Liberdade, de Justiça, de Prosperidade, de Paz, de Felicidade e de uma Criatividade que faça florescer e frutificar o triângulo axiológico da Verdade, da Beleza e do Bem.

11. A Europa a que já chegámos realizou um processo que importa valorizar, mas que tem mais que ver, por enquanto, com a dimensão material do que com a imaterial (cultural e espiritual). É, pois, imperativo e urgente definir e assumir a orientação estratégica da construção educativa e cultural da Europa a que queremos chegar, num quadro de pluralidade, sem a qual nunca será possível atingir a Europa dos nossos anseios.

12. A Escola que representará o instrumento dessa construção tem de estruturar-se segundo um paradigma cultural.




Declaração aprovada na Sessão de Encerramento do VIII Congresso Aepec, sobre o tema:

«Didáctica da Escola Cultural: Caminhos para a Construção de Si e dos Saberes».

Portugal, Universidade de Évora, 23 de Outubro de 2004


posted by Luís Miguel Dias sábado, novembro 13, 2004

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