A montanha mágica

domingo, outubro 17, 2004

The Wind (6)






O Vento (1928)

Miguel de Castro Henriques

Nem agora nem no futuro queremos a voz humana nos nossos filmes.
D.W.Griffith, 1924.


"Inicialmente este filme, um dos últimos mudos a ser rodados (1928) e em condições duríssimas no inclemente deserto de Mojave, não tinha um happy-end; Letty a heroína enlouquecida desaparecia no deserto e só com algum optimismo se poderia imaginar que ela finalmente transformada em vento - aprendida a dura lição da morte e do deserto - resolvia todo o seu mal estar por ter morto um homem, ainda que infame.

[...]


Borboletas diurnas e nocturnas e o mundo nómada


Os Índios aspiram a ser vento, por isso no deserto de Mojave se viam índios aparentemente de cara lúgubre, parados, diante de crisálidas. Esperavam o momento em que estas se transformariam em borboletas diurnas ou nocturnas, ou aranhas. Os Índios espontaneamente estabeleciam um estranho nexo com todas as criaturas aladas ou não, observavam-nas a fazer os seus ninhos e depois aguardavam o nascimento. Viviam num mundo de instantes constitutivos e participativos. Observando com participação pode-se sempre reconstituir um eixo constitutivo: A crisálida é um conjunto de fios sedosos à roda de um eixo. Não teria o vento também uma forma? A aranha e os seus fios fascinava-os: mais do que uma simples rede para apanhar insectos, não seria uma rede para apanhar o vento? Viam-se aranhas envoltas na sua rede, transportadas pelo vento, centenas de quilómetros.
Estes animais - e todos os outros, como os bisontes e coiotes, ensinavam-lhes como entrar numa intimidade maior com um mundo em que tudo se desloca - uma outra ampliação do seu mundo nómada, no qual são outras as referências: as que dizem respeito a uma aceleração do tempo. Esta aceleração é árdua de compreender para nós: é dificil entrar num mundo impermeável às noções de território fixo e de fronteira.
Os Índios aspiram a ser um vento rápido de rapina, para se articularem com a sua presa de uma forma absoluta e depois levantar voo. Tudo isto lhes era possível porque dotados de uma sensibilidade mais subtil do que a nossa eram capazes de associá-las e depois organizá-las dentro de um círculo, As Rodas da Medicina, por exemplo.
Dentro desta Roda as combinações de entes e elementos são várias. Assim por exemplo, a águia está associada ao fogo, o vento a um cavalo branco."



in O Olhar de Ulisses - O som e a Fúria (2000), Porto 2001 - Capital Europeia da Cultura


posted by Luís Miguel Dias domingo, outubro 17, 2004

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E larga os ventos por sobre as campinas.


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