quinta-feira, junho 17, 2004
rebentação (5)
Remedios Varo, Premonición, 1953.
aconteceu pela segunda, a uma segunda, vez consecutiva. ele, apenas se lembrava, estranhamente, que tinha adormecido com um radioso sorriso no rosto. e começou novamente:
- olha lá, ó tu que estás sempre por aqui e não me dás descanso.
- sim?
- uma pessoa deita-se. acorda. não sabe onde está. isto uma, duas, três vezes.
- sim.
- o esquisito é que num impulso me levanto da cama e aí fico sentado. nem estou acordado nem a dormir. não sei onde estou. nem o dia nem o espaço.
- sim.
- de repente lembro-me de um sorriso radioso.
- sim.
- esquisito não é?
- não.
- não?
- não. acontece.
- depois não me lembro de mais nada.
- achas que valeu a pena chamares por mim?
- não sei...
- olha, desejo-te uma noite descansada.
posted by Luís Miguel Dias quinta-feira, junho 17, 2004