segunda-feira, abril 26, 2004
"overflow"
Andrew Wyeth, Overflow, 1978
"- Estás a tremer. Estás doente?
- Estou excitada.
(…)
-Fecha os olhos.
- Oh, oh!
- Fecha-os.
- Não deixo que me ates.
- Minha querida amiga, quem é que deu a entender que te ia atar tão cedo?
- Já li coisas dessas nos livros.
- E então?
- Há escritores que escrevem livros desses.
- Fecha os olhos.
- Se tem que ser.
(…)
- Sinceramente, juro-te que é verdade. Nunca me masturbei antes dos vinte e sete anos.
- Coitadinha.
(…)
Despindo-o:
- Este cinto é novo.
(…)
- A minha mãe ensinou-me a nunca me sentar com a cona exposta.
- E as pernas sobre os ombros dum senhor.
- Nunca me disse isso. Não penso que ela imaginasse que eu me metesse nisso.
(…)
Depois de ele se vir. Docemente:
- Estás bem?
- Bonita menina.
- Em que pensas?
- Não penso. Não é óptimo?
- É sublime.
Philip Roth, "Traições", Bertrand Editora, 1991.
posted by Luís Miguel Dias segunda-feira, abril 26, 2004