segunda-feira, dezembro 08, 2003
a chegada das bruxinhas que anunciam a primavera
o telefone toca. duas. três vezes. o fogo na lareira. a chuva lá fora é torrencial. é só para te dizer que hoje está cá o filme a. começa daí a três quartos de hora. se não nos vires não estamos aí. duas voltas no sofá. três. ficamos numa posição incómoda. e se no futuro… “Neste momento bateram à porta e um homem, que K. jamais vira na casa da sr.ª Grubach, entrou no quarto (…) – Quem é o senhor? – perguntou K., soerguendo-se imediatamente na cama.” A chegada das bruxinhas que anunciam a primavera. dois quartos de hora. a chuva acalmara. tinha que decidir rapidamente. as brasas na lareira. vinte cinco minutos. O filme a. resolvera sair. “Não pode sair; o senhor está preso. – Assim parece – disse K. – e por que razão?" já na estrada reflectiu e não percebia o que se tinha passado entre o telefonema e a decisão que era simples. ia ver a.no regresso a casa denso nevoeiro. perdemo-nos. sabe dizer-nos onde estamos? "– Não é da nossa imcumbência darmos-lhe explicações. Volte para o seu quarto. O processo já está a correr. O senhor será informado de tudo na devida altura.” e o barulho do motociclista que todas as noites passa em aceleração, ferindo o silêncio da noite, tentando dissipar a névoa, fez com que ninguém nos ouvisse.
posted by Luís Miguel Dias segunda-feira, dezembro 08, 2003