terça-feira, novembro 18, 2003
um dia em dezembro
a chuva fustigara a terra todo o dia. a chuva começara a fustigar a noite. um sol ia brilhar nessa noite escura. intensamente. ele saíra de casa às vinte e uma e quarenta e cinco. o sol. intensamente. a chuva fustigava, agora, os vidros do carro. a emoção do sol à meia noite. a primeira vez. o spray da chuva na estrada. muito tráfego, apesar da chuva. mas havia o sol. iriam todos para o mesmo local? naquela noite. uma viagem que parecera a de Godard, a caminho de Paris. num domingo. a caminho da cidade. uma encosta vista das alturas. várias horas debaixo de chuva. uma pequena multidão esperava-o. ansiosamente. e a chuva. e o sol. duas horas de conversa. e a chuva lá fora. e a pequena multidão lá dentro. ansiosa. e ele correspondeu. superou. "por que é que ao domingo não trabalhámos? como é que as famílias se entendem, ao domingo, tanto tempo juntas, quando à semana mal se vêem? um país com tantos artistas e com tão poucas obras primas. porquê?" nas alturas, a luz amarela. na noite escura. de frente, uma encosta da cidade. das alturas. o spray tinha sido substituído por um nevoeiro pouco denso. ou muito denso? a chuva tinha parado. já era outro dia, na noite.
posted by Luís Miguel Dias terça-feira, novembro 18, 2003