terça-feira, novembro 18, 2003
LITERATURA
“O tempo parece escoar-se. O mundo acontece, prolonga-se numa sucessão de momentos e nós detemo-nos a olhar uma aranha espalmada contra a sua teia. Há na luz um fulgor que leva a que os objectos nos pareçam recortados com precisão, enquanto faixas brilhantes percorrem a baía. Sabemos melhor quem somos num dia de intensa claridade, depois de um temporal, quando o sentimento de si trespassa todas as folhas que caem, mesmo as mais pequenas. O vento rumoreja entre os pinheiros e o mundo adquire uma existência irreversível e a aranha agarra-se à teia que o vento faz baloiçar.”
DELILLO, Don (trad. Paulo Faria), “O Corpo Enquanto Arte”, Lisboa, Relógio D`Água Editores, 2001, p.7.
posted by Luís Miguel Dias terça-feira, novembro 18, 2003