terça-feira, novembro 04, 2003
literatura e cinema
Seria interessante, a partir da interrogação de Nelson de Matos , não tanto perceber o por quê da recusa de Philip Roth mas, alargar a discussão a um âmbito mais geral. Ou seja: discutir a adaptação de obras literárias ao cinema. Como argumento de um filme.
Assim de repente poderíamos enumerar os seguintes exemplos:
- O Padrinho, obra de Mário Puzo, e adaptada ao cinema por Francis Ford Coppola. Todavia, devemos aqui prestar atenção ao seguinte: Puzo trabalhou com Coppola no argumento;
- a série inglesa (de dois episódios se a memória não nos atraiçoa), Crime e Castigo de Dostoiévski;
- a série igualmente inglesa, Ressurreição da mesma obra de Tolstoi;
- o filme, As Horas a partir da obra de Michael Cunningham;
- o filme, O Nome da Rosa de Umberto Eco.
Desde logo, algumas questões se colocam:
1) será necessário o autor da obra literária trabalhar de perto no argumento do filme?
2) confiará o escritor no argumentista e no realizador?
3) porque autoriza o escritor a adaptação da obra ao cinema?
4) terá o escritor uma palavra a dizer na escolha do realizador?
Agora, num plano mais pessoal, como valoramos o livro e o filme? Sempre no mesmo sentido? É melhor o livro é melhor o livro é melhor o livro o filme desiludiu-me o filme desiludiu-me o filme desiludiu-me! Há excepções?
O que acontece às “nossas personagens”, enquanto leitores, na tela de cinema? Como olhamos para a sua caracterização física? O rosto, o rosto… as mãos, o caminhar, as expressões, os olhos, a voz, a voz… como ecoa a voz da tela e a voz da página? Quantas vezes nos consideramos desiludidos com o filme de uma obra que adorámos? Conseguimos ver-nos, na tela, bem dentro do enredo, mesmo ali pertinho das personagens?
posted by Luís Miguel Dias terça-feira, novembro 04, 2003