quinta-feira, outubro 23, 2003
"O Espelho"
Aproveitando a boleia da Cristina , e dedicado ao Kleist , aqui ficam estas deliciosas palavras de Tarkovski sobre Kleist:
“No teatro, como Kleist certa vez observou, com muita profundidade, representar é como esculpir na neve. O ator, porém, tem a felicidade de comunicar-se com seu público em momentos de inspiração. Não há nada mais sublime do que essa harmonia entre ator e público, quando eles criam arte juntos. O desempenho só existe na medida em que o ator ali está como criador, quando ele esta ´presente, quando está física e espiritualmente vivo. Sem atores, não existe teatro.
Ao contrário do ator de cinema, cada ator de teatro precisa construir seu próprio papel interiormente, do começo ao fim, sob orientação do realizador. Ele deve desenhar uma espécie de gráfico dos seus sentimentos, subordinado á concepção integral da peça. No cinema, não se admite essa elaboração introspetiva do personagem; não cabe ao ator tomar decisões sobre a ênfase, o tom e a modulação da sua interpretação, pois ele não conhece todos os componentes que farão parte da composição do filme. Sua tarefa é viver! – e confiar no diretor.”
“Esculpir o Tempo”, Tarkovski.
Nas palavras da tribo , que foram ver O Espelho, pode ler-se:
“Ontem eu e a ramos fomos ver "O Espelho", em russo, "Zerkalo"
e a terra respondeu-nos ao ouvido: frágil como um pássaro acabado de nascer, uma criança de cabelo rapado.
mp”
Quanto ao António , belo texto, e para além do segredo, diz, acerca de Tarkovski que, “O melhor do seu cinema não é dito. E muito menos visto. É o que perseguem, o que se persegue…”
posted by Luís Miguel Dias quinta-feira, outubro 23, 2003