sábado, agosto 30, 2003
BLOGOSFERA
Podemos não ouvir a campainha tocar, e por isso, temos a porta sempre aberta para os vizinhos Palavras da Tribo . Com a devida vénia, aqui deixámos quatro excertos tirados da Tribo.
"Um livro para os amigos nos conhecerem. Um desnudar da nossa paixão pelas palavras, que nos retratam e que nós esperemos captem a essência do mundo aos nossos olhos. (…)
O acto criativo é solitário e exige o jejum para poder funcionar. A mesa com refeição é a nossa revolta contra a mesa com computador. Para não acabarmos a comer a máquina ou a nossa própria cabeça dentro dela. À refeição, a cabeça descansa enquanto o estômago trabalha. Facilitando a assimilação. Não se fala de boca cheia, é muito feio! (…)
E por cima de tudo isto, como o molho à espanhola nos carapaus, está a crença uns nos outros e a esperança mal camuflada de que alguns de nós sigam para além da Tribo, construam a sua obra a sós. E os outros, a Tribo, saberão que valeu a pena. (…)
Felizmente, por termos outros ofícios, não precisamos de vender para sobreviver e isso dá-nos muita liberdade. Permite que os livros caminhem pelos seus pés, calmamente, rumo aos leitores, por ruelas e calçadas, sem necessitarem de tomar transporte nas monótonas auto-estradas da social comunicação. Como leitora gosto de chegar aos livros pelas mãos, pelo tacto, pelo espirro do pó acumulado. Os livros da minha vida foram encontros assim, do acaso. Nas livrarias menos arrumadas vasculho sempre por detrás das primeiras filas para ver o que ficou esquecido na face não visível da prateleira. Por isso gosto de frequentar os alfarrabistas. Afogar-me no aparente caos e de lá sair com um ou dois livros na boca."
posted by Luís Miguel Dias sábado, agosto 30, 2003