sexta-feira, julho 25, 2003
Sentado debaixo do grande terebinto V
"Mas repara ainda, ó Dumuzi, ó filho verdadeiro! Presta atenção. Apura bem os sentidos!
Eram sete os astros errantes e transmissores de ordens, e a cada um cabia um dia. Sete era também em especial o número da Lua, que abria o caminho dos deuses, seus irmãos, lá no firmamento, ou por outras palavras, o número dos quartos de Lua, de sete dias cada um. 0 Sol e a Lua eram dois, como tudo mais, como o sim e o não. Por isso podiam-se agrupar os planetas em dois e cinco, e com muito mais razão do lado dos cinco. Porque o número cinco tinha uma relação maravilhosa com o doze, visto que cinco vezes doze faziam sessenta. E sessenta, como se vira, era sagrado. Mais maravilhosa ainda era, a relação com o sete, por cinco e sete serem doze. E não se ficava por ali. Com tal divisão e agrupamento obtinha-se uma semana planetária de cinco dias, e no ano ocorriam setenta e duas dessas semanas. Cinco era também o número pelo qual se devia multiplicar setenta e dois para se chegar a trezentos e sessenta, número glorioso - soma ao mesmo tempo dos dias do ano e resultado numérico daquela divisão da órbita solar pela linha mais comprida que era possível traçar sobre o disco.
Simplesmente prodigioso!"
Mann, Thomas, (trad. Elisa Lopes Ribeiro), "O Jovem José", Lisboa, Edições «Livros do Brasil» Lisboa, s.d., p. 19 e 20.
posted by Luís Miguel Dias sexta-feira, julho 25, 2003