terça-feira, julho 01, 2003
POESIA
O presente!
O dia segue sempre o seu caminho
com receio da noite que pressente,
e eis que o sol vai fugindo, de mansinho,
pelas portas longínquas do Poente.
Além … vão as ceifeiras descantando
alegres. E nos montes, os pastores
seguem de perto os gados, entoando
as rústicas canções dos seus amores.
- Toda a natura depois fica a sonhar
e eu, ao pé de ti, desde o começo,
vou todo o meu passado relembrar!
E além desse passado a minha mente
Se pretende ir, eu olho-te… e emudeço.
- … E nisto se condensa o meu presente!
Porto - 12 – XII - 920.
Ideal
Quando à noitinha eu fico a contemplar
essa tela infinita – o firmamento –
oiço vozes no mar – e depois tento
ver se interpreto bem o seu chorar.
Enraivece-se e espuma … e furioso
vai bater-se d`encontro à dura rocha
enquanto outra onda e outra desabrocha
no marulhar esterno e revoltoso…
Assim também minha alma se revolta
quando a teus no teu olhar envolta
prêsa dêsse lugar que me fascina.
Depois… Penso melhor, e louvo a Deus
por ter firmado assim nos olhos teus
o Ideal – que ao teu amor me inclina!
Porto - 5 – XII – 920.
VASCONCELOS, FR. Bernardo de, “Cântico de Amor”, Mosteiro de Singeverga, Edições Ora &Labora, 1982.
posted by Luís Miguel Dias terça-feira, julho 01, 2003