quinta-feira, novembro 03, 2011
Da Democracia (10)
Dario para Ebares: “Ebares, acabámos de deliberar acerca da realeza e decidimos fazer o seguinte: àquele cujo cavalo for o primeiro a relinchar, quando todos nós estivermos montados, ao nascer do sol, a esse caberá o poder real. Se realmente alguma sabedoria tens, maquina um plano, de modo a que sejamos nós a ter esse privilégio e nenhum outro.”
Ebares para Dario: “se nisso está de facto, meu senhor, a possibilidade de ser ou não tu a realeza, fica tranquilo e mantém firme o ânimo, que nenhum outro homem será rei em vez de ti, pois para tal tenho eu remédio.”
As providências de Ebares: “assim que se fez noite, levou para os arredores da cidade uma das éguas, justamente a que o cavalo de Dario mais apreciava, e aí a deixou presa; depois levou para o mesmo sítio o cavalo de Dario, passeou com ele, à volta da fêmea, muitas vezes, aproximando-o dela, e finalmente deixou o macho cobri-la.”
E ao nascer do dia: “os seis jurados, segundo o combinado, para aí vieram juntos, montados nos seus cavalos. Ao cavalgarem nos arredores, assim que se aproximaram do mesmo lugar onde, na noite anterior, tinha estado amarrada a égua, o cavalo de Dario correu para o local e relinchou. Ao mesmo tempo que o cavalo assim fazia, um relâmpago partiu do céu sereno e sobreveio um trovão.”
E conclui Heródoto: “tais fenómenos fizeram triunfar Dario, como manifestações não ocasionais, ocorridas por algum acordo prévio: os outros conjurados desceram das montadas e saudaram Dario, prosternando-se.”
Mas há, ainda, outra versão, fica para o próximo.
posted by Luís Miguel Dias quinta-feira, novembro 03, 2011