quinta-feira, setembro 29, 2011
Rui Chafes, Inferno (A minha fraqueza é muito forte)
inauguração 29 de setembro, 19h, Galeria João Esteves de Oliveira (até 17 de novembro na Rua Ivens, 38, ao Chiado), Lisboa
trabalhos sobre papel
Paulo Pires do Vale: O artista aleija-se nessa violência que é a origem da obra - e que lhe é íntima, transporta-a em si. Em vez de esconder essa violência, usa-a. Mesmo que não a exponha. Ele sabe dar um bom uso à morte (1). E nisso há uma dimensão profética. Aquilo que outros não querem ver, ele não pode recusar. Afinal, aquilo onde cada um de nós se pode ferir é sempre na própria ferida. Flor que nunca fecha. No seu modo próprio e radical de abertura ao mundo. Esta ferida, como a metáfora indica, não é fechamento solipsista, mas abertura que conduz ao exterior, para fora de si - “talvez para fora de tudo”, julgava Blanchot (2). Essa forma de êxtase é modo de tocar o caos, a obscuridade, a violência, a noite.
[...]
Quando olhamos para este Desenho de Rui Chafes, encontramo-nos a nós próprios, como estranhos, no inferno. E espantados, nesse estremecimento, sem armadura que nos proteja das feridas, chamamos por nós, como Dante ao ver incrédulo o filósofo e mestre amado que lhe ensinou “como o homem se eterna” (8):
“Vós aqui, Senhor Brunneto?”»
posted by Luís Miguel Dias quinta-feira, setembro 29, 2011