quinta-feira, janeiro 12, 2006
"- Fica a saber de uma vez por todas que penso cobrar o que fizeram ao Odilón, seja quem for que o matou. E eu sei quem foi - ouvi que me dizia quase em cima da minha cabeça.
- De maneira que fui eu? - perguntei-lhe.
- E quem mais terá sido? O Odilón e eu éramos sem-vergonhas e tudo o que quiseres, e não digo que não chegámos a matar ninguém; mas nunca o fizemos por tão pouco. É isso que te digo.
A lua grande de Outubro batia em cheio sobre o curral e mandava até à parede da minha casa a sombra longa de Remigio. Vi que se movia em direcção a um medronheiro e que agarrava o machado que eu tinha sempre pendurado ali. Depois vi que regressava com o machado na mão."
Juan Rulfo (trad. Ana Santos), A planície em chamas, cavalo de ferro, 2003.
posted by Luís Miguel Dias quinta-feira, janeiro 12, 2006