segunda-feira, dezembro 05, 2005
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Ariel
Estase na escuridão. Depois a bátega de um azul Imaterial sem fragas nem distância.
Leoa de Deus, Como fomos sendo uma só, Eixo de calcanhares e joelhos! -- O sulco
Afasta e passa, irmão do Aro castanho Do pescoço que não consigo agarrar,
Olhos como os de negro Bagas lançando escuros Ganchos --
Bocados de sangue adocicado, Sombras. Outra coisa
Me arrasto pelos ares -- Quadris, cabelo; Achas dos meus tacões.
Godiva Branca, não me cai a pele -- Mãos mortas, rigidez de morta.
E agora, eu Espuma de trigo, um brilho de mares. O grito de criança
Funde-se na parede. E eu Sou a seta,
O relento que voa Suicida, à uma, em força Em direcção ao Olho
Vermelho, o caldeiro da manhã.
Sylvia Plath (trad. Maria Fernanda Borges), Ariel, Relógio D`Água, 1996.
posted by Luís Miguel Dias segunda-feira, dezembro 05, 2005
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