A montanha mágica

quinta-feira, fevereiro 11, 2010

If you ever go to Houston (24)







1. O contrário do que Vasco Pulido Valente defendeu na crónica de sexta-feira passada (fica-se quase sempre surpreendido com esta não visão falta de lucidez de alguns intelectuais; as mentalidades são o que são) escreveu-o Pacheco Pereira no dia seguinte, no mesmo jornal, com muito mais clarividência: "o que é grave é que há actos, não é apenas um problema de opiniões. Há actos concretos que, em condições normais, suscitam uma grande preocupação sobre a liberdade de opinião em Portugal".

Miguel Esteves Cardoso cometeu a mesma falácia no dia seguinte ao sábado.

E Manuel António Pina na terça-feira também: "O motivo de tanto sobressalto cívico [referindo-se à manifestação de hoje em frente da Assembleia da República] é a publicação pelo "Sol" de documentos judiciais referindo indícios de um plano de controlo de alguns órgãos de comunicação social pelo poder político. Coisa, como se sabe, nunca antes vista em Portugal, ou Portugal já teria outras vezes visto milhares, talvez até milhões, de manifestantes de branco diante da AR."


2. Ora bem, o livro Sociedade de Corte, de Norbert Elias.

Começar assim, ao pedante.

Depois.

Já o escrevi por aqui há muito tempo, julgo que 3 a 4 anos: que o problema político maior deste primeiro ministro não era esta ou aquela medida mas sim o abrir da porta e mais portas ao populismo mais desbragado e sem vergonha que há por esse mundo fora, da Itália ao continente sul americano.

A juntar a isto, junte-se-lhes as averiguações judiciais e governativas e jornalísticas que lhe têm sido feitas a respeito das decisões e opiniões que vai e vem tomando, em catadupa.

Num país a sério e com vaidades doseadas este primeiro ministro já teria muito poucos indivíduos, e presume-se que pessoas, que quisessem ser seus ministros, por um motivo muito simples e primeiro: quando lhes perguntarem ou eles disserem que foram ministros deste primeiro ministro estará tudo dito. E não se foi embora porquê? Currículo? Profissão? Dizer sou ministro? Vidinha?
Já para não falar do partido socialista.

A mesma figura andam, é claro, a fazer muitos jornalistas e cronistas e humoristas e literatos.

Veja-se o caso dos indivíduos que ainda correm para a tsf. Já tentaram ouvir a tsf? Claro que já, aquilo é nojo puro, desde há muitos muitos dias, aquelas vozes melosas e aqueles raciocínios e aquelas notícias? E aquelas entoações. Ora, nesta emissora de rádio tabalha muita gente que tem de ganhar a vida, claro, e há também aqueles que têm de ganhar a vida a dizer nada, e vão lá como os comedores de fogo, os engolidores de vidro e os equilibristas dizer.


3. Leram na Pública desta semana o que escreveu Pedro Mexia a vermelho, página 9? Como é que é possível alguém, neste momento, neste momento, vir dizer e, muito pior, escrever, aquilo? Virar-se para Medina Carreira?
A citação: "O pior de tudo
Há aqueles malucos que nos gritam nos viadutos que o mundo vai acabar com chuvas de enxofre. Mas são malucos e ninguém lhes paga. Agora, com Medina Carreira e os catastrofistas da TV, o enxofre entra-nos em casa: estamos condenados como país e como povo, não há nenhuma salvação possível. É demasiado circo para tão pouco pão.
Pedro Mexia"
07/02/10

Lamentável. Ter vergonha na cara é bom.


4. O sr. ministro das finanças a dizer no parlamento que não se importava de que o seu salário... Terá noção, o homem?


5. "O Esquerda.net passa, a partir desta data, a sugerir aos seus leitores um e-book por semana. Escolhemos textos de literatura, poesia, ensaio - de domínio público ou que nos sejam oferecidos pelos detentores dos seus direitos - para serem desfrutados pelos leitores, que poderão lê-los no ecrã do computador ou imprimi-los. Começamos com um conto de Machado de Assis, um dos maiores escritores de língua portuguesa, de quem se assinala este ano o centenário da morte. "

Muitos contos e muitos parabéns pelo feito. Só aqui trouxe este texto por esta passagem: "para serem desfrutados pelos leitores, que poderão lê-los no ecrã do computador ou imprimi-los".

Por que é que escreveram isto? É desse sentimento de esquerda esquerda que se devem livrar; de comandar, de aconselhar, de dirigir, de dizer como devem fazer, faz assim ou assim. Para quê? As pessoas não sabem? "que poderão lê-los no ecrã do computador ou imprimi-los". É arrogância e pedantismo, fica só a faltar a palmadinha nas costas.


6. Volto às Memórias de Raul de Brandão, Volume I, tomos I e II (querem saber do fim da Monarquia e da implantação da República?), tão esquecidas, tão esquecido, memórias um género tão e sempre em desuso por cá e por lá, para escolher esta citação: "Se os homens de mais juízo pensarem a sério em muitos dos seus actos, hão-de reconhecer que não têm juízo nenhum."


posted by Luís Miguel Dias quinta-feira, fevereiro 11, 2010

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