A montanha mágica

terça-feira, setembro 08, 2009

_Encompassing the Globe. Portugal e o Mundo nos séculos XVI e XVII






Biombo Namban, MNAA©ETG 2009_9, Arte namban, 1593-1601, Madeira, papel



Depois de muitas experiências aloucadas e de muitas disciplinas depois vamos chegar à conclusão, mais tarde ou mais cedo, espero que bem mais cedo, e que haja saúde mental para isso, que meia dúzia de disciplinas obrigatórias, de tronco comum até ao início do ensino secundário, e duas ou três de escolha pessoal, e depois, mesmo aí, metade continuarem a ser de tronco comum, facilmente concluiremos, dizia, que a disciplina de Filosofia e a disciplina de História perdem todos os dias muitos pontos em relação à mentalidade magalhães que caracteriza muitos daqueles que ocupam lugares executivos e legislativos desta república portuguesa.
Podem achar que não mas é de espantar.

Sem querer parecer rabugento e nem por sombras querer que outros, um sequer, tenham a mesma mundividência que eu, há por cá na bloga quem diga que gostava que os outros tivessem a sua própria mundividência, respeito, não dá para não dizer nada em relação aquilo que salta faz o pino uma pirueta mesmo um mortal, na exposição _Encompassing, e não é bom, é mau.


Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.
Deus quis que a terra fosse toda uma,
Que o mar unisse, já não separasse.
Sagrou-te, e foste desvendando a espuma,

E a orla branca foi de ilha em continente,
Clareou, correndo, até ao fim do mundo,
E viu-se a terra inteira, de repente,
Surgir, redonda, do azul profundo.

Quem te sagrou criou-te português.
Do mar e nós em ti nos deu sinal.
Cumpriu-se o Mar, e o Império se desfez.
Senhor, falta cumprir-se Portugal!


Fernando Pessoa


Não sei o que tinham na cabeça os comissários da Encompassing the Globe quando permitiram que nos textos introdutórios

(valha-nos o de Muhammad Akbar: Em 1580 reuniu uma espécie de Concílio com participação de muçulmanos, hindus e jesuítas portugueses que mandou vir de Goa. Era um homem multifacetado, tanto guerreiro como administrador, interessando-se por assuntos variados. Curiosamente, tinha uma grande biblioteca, apesar de ser analfabeto, mas gostava que lhe lessem)

, e não só, presentes nas diferentes salas da exposição patente no Museu Nacional de Arte Antiga constasse o seguinte:

1) a descoberta das ilhas da Madeira e dos Açores entre 1419 e 1431:

- da Madeira não foi descoberta mas sim redescoberta;

- 1431? Porquê? 1431? 1431, o quê?

2) a casa de Aviz não teve um papel importante, foi, isso sim, fundamental.
Sem princípio haveria meio? mesmo que, pouco depois do início, tivesse havido planos diferentes?

- este importante não se percebe, é demasiado pouco importante.

3) Nenhuma referência, texto ou imagem da "Carta a el-rei D. Manuel sobre o achamento do Brasil", de Pero Vaz de Caminha. Nenhuma.

4) A muitas das palavras dos textos introdutórios faltam acentos, a-c-e-n-t-u-a-ç-ã-o, não devia acontecer.

São demasiados néons (gralhas e erros; qualquer livro ou qualquer manual, como parece ter de ser o caso, de História dá resposta a estas questões) numa exposição que tem a responsabilidade que tem; ser minimamente exigente é o quê?
Se é assim aqui, neste museu, nesta exposição, como é que fica toda a imensidão que resta?
Os erros e as gralhas envergonham Portugal, envergonham as peças expostas e mancham a exposição em si.
É muito mau.


Encompassing the Globe é também uma iniciativa directa do Ministério da Cultura, agora a cargo de José António Pinto Ribeiro. Apesar de incluir peças que não estiveram em Washington nem em Bruxelas (lugar da sua segunda apresentação), entre as quais dois tesouros nacionais que, pelo seu estatuto e fragilidade, não viajam - a Custódia de Belém e os Painéis de São Vicente -, Encompassing the Globe é mais pequena em Lisboa do que na versão original, tendo 173 peças. Envolve mesmo assim empréstimos privados, 26 instituições internacionais, 24 portuguesas e tem um orçamento estimado de 2,8 milhões de euros, um terço dos quais se previa que fossem reunidos pelo ministério junto de mecenas, devendo os restantes dois milhões vir de programas ligados à região de Lisboa e ao Turismo (1,5 milhões) e de receitas geradas pela exposição (500 mil euros).

No Museu Nacional de Arte Antiga, onde a exposição ocupa o piso nobre, houve obras importantes - segurança, iluminação, climatização... - e só os seguros de transporte das peças representam um investimento de um milhão de euros. Peças que têm vindo a chegar individualmente ou em pequenos núcleos ao longo da última semana, em geral entregues em mão por um "courrier" encarregado de identificar as condições em que chegam ao seu destino e de conhecer o próprio MNAA.

posted by Luís Miguel Dias terça-feira, setembro 08, 2009

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