A montanha mágica

sábado, maio 24, 2003

TERTÚLIA

Caro JPP, Abrupto

Comecemos pelo fim, para voltarmos ao princípio.
A força da poiesis continua e continuará, pois o Homem não é uma proposição que precise de ser demonstrada. Escreveu Leonardo Coimbra, “A vida é como é, e, por mais que se queira fazer do homem um teorema, ele será sempre uma alma, tendo, a vibrar, no fundo do seu ser e em natureza primeira, um clamoroso e invencível apelo do Infinito.”
Mesmo aqueles que crêem na morte de Deus, de uma forma ou de outra, aproximam-se do Absoluto, seja através de um poema, de uma pintura, de uma escultura, da arquitectura, do cinema, do teatro, etc. Mesmo que não acreditem, estão a descrever um caminho, que, nos tenta levar à perfeição, à pureza, ao transcendente, logo a Deus.
Confessámos, que a sua expressão “oceano de esterilidade” nos recordou, por razões opostas, o belíssimo filme e obra-prima (na nossa opinião) Solaris de Andrei Tarkovski (o de Soderbergh ainda não vimos). Neste filme, um cientista viaja para uma estação espacial, próxima do planeta Solaris, onde se têem verificado “estranhos fenómenos”, com os cientistas lá residentes. Este cientista, parte do pressuposto, que o que lá vai encontrar se explicará facilmente pela ciência.
A esterilidade, neste caso, está, para nós, no estado de alma, que leva este cientista até à estação. O que não conseguir explicar não existe. Contudo, a sua permanência na estação, mudar-lhe-á a vida e por consequência a visão que tinha do mundo. Um cientista a tentar explicar fenómenos de outro planeta, quando ainda, não se compreendia a si nem aos seus semelhantes!
Tudo isto, para dizer, que a esterilidade, que nos pode ter já atingido segundo o JPP, não atinge, pensámos nós, os poetas e artistas sublimes (e a História pode provar que houve sempre uma elite que esteve sempre à frente do seu tempo), nós é que podemos não os compreender, o que é bem diferente.

Relativamente ao século XXI e às ameaças sérias de armamentos nucleares, químicos e biológicos, temos que formular uma questão prévia: qual e quem é o mundo que está no século XXI?
Note que esta dialéctica que aqui esboçamos, entre vários mundos, é da responsabilidade de toda a humanidade. Repudiamos os conceitos de culturas e civilizações superiores. Não sabemos o que isso é. Podemos é colocar o problema nas elites dos diferentes mundos, que com excelentes condições, tinham a obrigação de fazer mais e melhor, e não apropriar-se daquilo que é de todos. Não o fazendo, aparecem sempre disponíveis e “executantes” para cometer actos loucos e horrorosos.
Aceitamos, isso sim, a diferença e o respeito mútuo. Adiante que a reflexão levar-nos-á…

O planeta é só um. O Homem, de hoje, um património de inumeráveis gerações. Deus não é culpado da acção do Homem. O Homem é que tem de responder pelos seus actos.
Condenamos retaliações vis, traiçoeiras e horrorosas, mas como podemos, hoje, compreender que dois terços da humanidade, vive com menos de um euro por dia?
O que faríamos nós, habitantes do hemisfério norte, e mundo ocidental, se estivéssemos no outro hemisfério? Faríamos o possível e o impossível para chegar ao mundo onde se deitam alimentos ao lixo. As tentativas de entrada no hemisfério norte, não são válidas? Ter comida, cuidados de saúde, habitação e momentos de lazer, não é o mínimo no século XXI, para já não falar nos séculos anteriores? “Somos todos culpados de tudo e eu mais do que todos os outros”. Dir-se-á, e as elites dos países de origem, nada fazem? Adiante que a reflexão levar-nos-á…

Qual o centro da questão então?
Sabendo que quase toda a organização de um estado, parte de um sistema político, várias questões se colocam: quem são hoje as elites políticas, tanto a nível nacional (de cada estado) como a nível das organizações internacionais? Como se orientam? Que objectivos tentam primeiramente alcançar? Como os tentam alcançar? Como tratam a diferença?
As respostas, a estas questões, levar-nos-ão à nossa condição primeira como seres humanos, e assim sendo, podemos voltar a subir à Montanha.

posted by Luís Miguel Dias sábado, maio 24, 2003

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São horas, Senhor. O Verão alongou-se muito.
Pousa sobre os relógios de sol as tuas sombras
E larga os ventos por sobre as campinas.


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